sexta-feira, dezembro 01, 2006

A "Intervenção" que fiz na tomada de posse

A tomada de posse e a abertura do ano lectivo foram noticiadas com antecedência pelo "Expresso das Ilhas" e retomadas no "Nós Media"

Acto contínuo ao meu juramento
(vejam a foto onde estou à esquerda do Pró-reitor para as Relações institucionais e Cultura, Mestre Luís Filipe Tavares) tivémos o privilégio de ouvir o Sr. Administrador Geral, Mestre Marco Lamas, que na qualidade de representante do Instituto Piaget ( a entidade instituidora) me dera posse.

Logo a seguir coube-me a vez de fazer uma intervenção. Durante a do Mestre Lamas, tive a oportunidade de fazer o balanço dos convidados que se dignaram nos honrar com a sua presença, e risquei as "excelências", alguns dos "excelentíssimos" e até dois dos "magníficos" que escrevera no início de minha intervenção. Ei-la então após e sem os "riscados":

  • Excelentíssimo Sr. Administrador da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, Mestre Marco Lamas
  • Magnífico Reitor da Universidade de Évora, Prof. Doutor Jorge Araújo
  • Excelentíssima Professora Doutora Estela Lamas, 1ª reitora da UniPiaget
  • Excelentíssima Srª. Directora Geral do Ensino Superior e Ciência, Mestre Arminda Brito
  • Excelentíssimos representantes de instituições amigas.
  • Digníssimos Pró-reitores
  • Estimados docentes
  • Prezados estudantes
  • Distintos convidados
  • Caríssimos amigos
O acto de investidura no cargo de Reitor desta universidade suscita-me múltiplas emoções, mas sobretudo consolida e reforça as responsabilidades que desde Agosto assumi.

Ao completarem-se em Maio, cinco anos de actividade da UniPiaget ao serviço de Cabo Verde, um novo ciclo iria começar. Entendeu então o Instituto Piaget que o momento chegara de consolidar as nossas esferas de incidência e inserção na sociedade cabo-verdiana e de granjear maior projecção internacional num contexto que o mundo actual exige cada vez mais competitivo. Era o momento certo para que uma universidade cabo-verdiana tivesse um Reitor cabo-verdiano. Esta decisão foi anunciada directamente ao Sr. Primeiro-ministro, Dr. José Maria Neves, em Maio de 2006, pelo Presidente do Instituto Piaget, Dr. António Oliveira Cruz.

Caríssimos,

Passar a dirigir a actividade científica, pedagógica e cultural da Universidade, como rezam seus estatutos, não passaria de um lugar-comum, talvez rotineiro, de qualquer instituição de ensino superior, se não fossem a conjuntura histórica em que ocorre e os objectivos visados:
  1. Consolidar a presença e o entrosamento da UniPiaget na sociedade cabo-verdiana
  2. Dar à Universidade uma projecção internacional
Por isto, caros participantes deste evento, a carga de responsabilidade e de expectativa que repousa sobre meus ombros é deveras colossal.

Mas, estou convencido que não sentirei o peso desta carga por diversas razões:
  • Não o sentirei, porque não estou sozinho neste aliciante desafio
  • Não o sentirei, porque conto com o apoio solidário do Governo de Cabo Verde
  • Não o sentirei, porque certamente trabalharemos de mãos dadas com a Universidade pública de Cabo Verde
  • Não o sentirei, porque a comunidade académica e a administrativa da UniPiaget não me deixará na vergonha
  • Não o sentirei, porque encontrei uma universidade bem organizada e a máquina bem montada e oleada
Aqui, faço uma pausa para render uma justa e merecida homenagem aos maestros que de batuta em riste, conduziram a Universidade nos seus primeiros anos:
  • A Professora Doutora Estela Ribeiro Lamas, a primeira Reitora da UniPiaget, que à frente de uma equipa criteriosamente constituída, pode construir e afinar os instrumentos que agora servirão para tocar as novas melodias, quiçá sinfonias que o futuro nos clama;
  • O Professor Doutor David Ribeiro Lamas, o Administrador Geral responsável pela cultura organizacional que se respira na instituição.
Permitam-me excelências, que regresse à enumeração das razões que não me deixarão sentir tal peso:
  • Não o sentirei, porque a estrutura da equipa reitoral já foi montada para dar resposta aos novos desafios. Ela conta com um pró-reitor para o Desenvolvimento Científico e Académico e com um pró-reitor para as Relações institucionais e Cultura.
  • Não o sentirei, porque os pró-reitores escolhidos são pessoas dedicadas, de comprovada competência e de credibilidade afirmada na sociedade cabo-verdiana: o mestre Jacinto Estrela e o mestre Luís Filipe Tavares, ambos embrenhados em programas de doutoramento.
  • Não o sentirei, porque existe uma grande sintonia entre mim e o actual Administrador Geral, mestre Marco Lamas, o outro hemisfério da gestão bicéfala da universidade.
  • Não o sentirei, porque as unidades de ensino e investigação, pela sua dinâmica e pela competência de seus dirigentes, saberão zelar pela qualidade do ensino ministrado
  • Não o sentirei, porque todas as unidades orgânicas da universidade trabalharão em sintonia e em sinergia.
  • Não o sentirei, porque as Secretarias, salas de visita da universidade, continuarão a fazer o bom trabalho que fazem.
  • Não o sentirei, finalmente, porque me sinto confiante e preparado para o cargo.
Preparado psicologicamente sim, mas preparado também devido aos anos e à qualidade da formação que tive e aos 24 anos de vivência académica, profissional e cultural, através de diferentes cargos e funções todos eles da esfera do mundo universitário.

E mais uma vez, caros presentes, não posso deixar de render uma pública homenagem aos principais responsáveis por me sentir e achar capaz de tão altas responsabilidades:

O octogenário casal ali sentado: os meus queridos pais,
a Dona Esther Brito e o Senhor Hilário Brito.

(pausa)

No momento em que Cabo Verde entrou para o grupo de países de desenvolvimento médio, particularidade amiúde salientada pelo nosso Primeiro-Ministro, o capital de confiança no país é grande. Mas ainda maior é o leque de expectativas que recaem sobre o mesmo.

E Cabo Verde tem de dar resposta!

Uma destas respostas, e disse-o bem o Reitor da Universidade pública de Cabo Verde, passa pela preparação de nossos quadros em áreas estratégicas que sirvam os candentes interesses da Nação cabo-verdiana. A formação superior da nossa juventude torna-se cada vez mais uma exigência incontornável.

Esta formação deve estar em sintonia com os problemas e com as ambições cabo-verdianas. Por isso as universidades cabo-verdianas estariam melhor posicionadas para formar os agentes do nosso desenvolvimento. Como universidade cabo-verdiana que somos, há já mais de cinco anos que vimos a formar estes tão almejados quadros do século XXI cabo-verdiano.

Estamos satisfeitos com o nascimento da Universidade pública de Cabo Verde, pois esta vem reforçar a oferta cabo-verdiana nesta matéria e juntas, preferencialmente em conjunto, contribuiremos para satisfazer as citadas expectativas que pairam sobre nós.

O carácter transdisciplinar da UniPiaget vem adicionar aos nossos formandos uma capacidade acrescida de entendimento dos desafios do mundo moderno e global e da sua própria vivência como homem cabo-verdiano e universal.

Zelarei para que assim seja, consagrando a minha particular atenção neste sentido, pois um dos meus lemas preferidos é o do Instituto Piaget a que também pertencemos: “por um desenvolvimento humano, integral e ecológico” a que eu acrescentaria “do cidadão cabo-verdiano”

Termino esta intervenção de tomada de posse agradecendo a confiança depositada pelo Instituto Piaget no meu reitorado, agradecimentos extensivos a toda a comunidade académica e administrativa da Universidade, à sociedade cabo-verdiana e a seus dirigentes.

Bem-haja e obrigado!

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