quinta-feira, novembro 22, 2007

A UniPiaget chora a sua querida aluna Elsa Azevedo

É com muito pesar que a comunidade académica e estudantil da nossa Universidade recebeu a notícia do falecimento (a 20 de Novembro 2007) da aluna Elsa Azevedo.

Elsa foi para nós uma pessoa que trouxe à Universidade o exemplo de coragem, de determinação e do querer vencer as adversidades de sua condição de doente e de invisual.

Ela deu à UniPiaget a oportunidade de:
  • lidar com casos de portadores de deficiência, nomeadamente invisuais, aprendendo assim a modificar e a adaptar os meios e métodos do ensino aprendizagem.
  • exercer com mais profundidade e acutilância a sua acção formadora em jus e em prol do desenvolvimento humano integral e ecológico
  • poder inventar e criar novas maneiras de optimizar a relação ensino-aprendizagem em ambiente especial
  • abrir as portas a outros portadores de deficiência visual (já são mais do que cinco)
  • criar nos colegas e docentes da aluna a emoção e a situação de acreditar na força de uma vontade férrea em vencer
  • nos sentirmos orgulhosos em fazer parte da gloriosa caminhada deste ser exemplar que já se encontrava no fim de sua licenciatura
Po isso tudo, devemos muito a Elsa Azevedo que ficará na história da UniPiaget e sobretudo nos nossos corações.

Em meu nome e no da Universidade que dirijo, queria apresentar à família enlutada os mais profundos sentimentos de pesar por esta tão dolorosa perda.

Aos docentes do curso de Sociologia, que acompanharam a nossa querida aluna e que tanto deram de si próprios, deixo uma palavra de reconforto, pois o esforço consentido não foi em vão e se Elsa não pôde concretizar seu sonho, o seu exemplo é uma pedra basilar no edifício histórico e patrimonial da UniPiaget. Faço então minhas as sábias e reconfortantes palavras de um dedicado docente do curso de Sociologia e igualmente Pró-reitor desta Universidade, o Mestre Jacinto Estrela:

Caros colegas e amigos.

Foi ontem a enterrar a nossa aluna Elsa Azevedo. Sabendo nós, como sabíamos, do seu precário estado de saúde, nada fazia prever, contudo, que tal acontecesse neste momento. A notícia do seu falecimento a todos surpreendeu. Os que mais directamente lidámos com a Elsa, ainda antes de ela se tornar aluna desta Universidade, entre dirigentes, quadros e trabalhadores, docentes e alunos, temos presente o esforço que ela colocou para, superando as vicissitudes e a penosa condição de saúde que a afectou, sobretudo, de há ano e meio a esta parte, não podemos menos que reconhecer que ela era uma batalhadora, que corria atrás de um sonho de afirmação e de superação de todas as provações e todos os sacrifícios. De etapa em etapa, ela foi realizando esse sonho, num sacrifício ingente para o qual devemos orgulhar-nos de ter dado o contributo possível. O último esforço, infelizmente, a Elsa não conseguiu concretizar, e o contributo que nos preparávamos para lhe dar ficou-se pela reflexão entre docentes e a Reitoria. Em visita à mãe da Elsa e em conversa prolongada com a sofrida senhora, esta fez questão de me transmitir que, ultimamente, o pensamento da nossa aluna estava muito na UniPiaget, seus trabalhadores, colegas e professores. Falando destes últimos, ela referia-se aos mesmos como se de pais se tratassem, por tanto a terem apoiado e ajudado à sua formação. A Elsa referia-se a nós com muito apreço e reconhecimento. Prometi à mãe transmitir-vos esta informação e é o que faço com esta mensagem, pedindo-vos que continuem a esforçar-se por, com responsabilidade, brio profissional e com muita humanidade, prosseguirem nesta missão mais que nobre de ensinar, formar carácter, preparar pessoas para um melhor contributo para com a sociedade que tanto delas espera. Quanto à Elsa, em boa memória, seja ela uma referência do que podemos fazer por alunos que, diferentes dos outros, apenas nos pedem mais tempo, mais dedicação, uma maior atenção para que possam concretizar os seus sonhos.
Cordialmente,

Jacinto Estrela


Vejamos agora imagens dos primeiros passos do sonho de Elsa, na Universidade Jean Piaget relatados em 27 de Novembro de 2003.



E três meses mais tarde, a 27 de Fevereiro de 2004, Elsa recebia uma bolsa de estudos duma fundação sueca, criada por uma Professora universitária cabo-verdiana:



2 comentários:

Benvindo Chantre Neves disse...

Quando soube da morte da Elsa, ela já estava enterrada. Fiquei perplexo, quatro dias antes havíamos conversado um bocado no hall do edifício B da UniPiaget. Tivéramos uma conversa animada, e era notório o seu entusiasmo por estar já no 4º ano.
Trabalhei com a Elsa como monitor na disciplina "Introdução à semiologia" e cedo pude perceber que ela não se via como "coitada". Além da sua perseverança e determinação, era uma pessoa que não tinha papas na língua.
Fui duas ou três vezes à casa dela quando se preparava para um exame de recurso e pude ter uma ideia mais clara da real dimensão da sua perseverança (uma perveverança invulgar, quanto mais não fosse para uma pessoa com grandes limitações motoras e que à sua retaguarda apenas tinha uma mãe idosa e igualmente com grandes limitações.
Sempre que podia travava um breve diálogo com a Elsa, mas a azáfama da vida e a imprevisibilidade da morte não nos deixam ser mais... pacientes. E depois, sempre depois, vem este doloroso sentimento de "se eu soubesse"

Gloria disse...

cABO vERDE, PERDEU UMA HEROÍNA...
uma Mulher Lutadora, determinante e capaz de dar a vida aos seus sonhos...
Viva a Elsa um Exemplo para todos os sonhadores...